RELOGIO

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A arte é vida (continuação)

               Além de Dostoiévski, conhecido mundialmente por ter escrito; Notas do Subterrâneo, Pobre GenteO Jogador, Recordações da Casa dos Mortos, Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov,  tivemos o privilégio de  receber obras preciosas de Franz Kafka, um dos maiores escritores da literatura alemã conhecido por compor; A Metamorfose, O Processo, O Castelo, A Colônia Penal, deixando inacabada Amérika em razão da tuberculose que o levou a óbito.
            


              "A falta de liberdade não consiste jamais em estar segregado, e sim em estar em promiscuidade, pois o suplício inenarrável é não se poder estar sozinho." 
              "A tragédia e a sátira são irmãs e estão sempre de acordo; consideradas ao mesmo tempo recebem o nome de verdade. "

Dostoiévski
         
          


             Edgar Alan Poe, é considerado por exemplo, um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas, compôs; Os Crimes da Rua Morgue, A Carta Roubada, O Mistério de Maria Roget, muitos acreditam que as suas obras marcam o início da verdadeira literatura norte-americana. 
        

                                 O CORVO

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais." 

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora,
E que ninguém chamará jamais.

E o rumor triste, vago, brando,
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto e: "Com efeito
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minha alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora -
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse: a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta:
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais. (continua)


Edgar Alan Poe

          

                  O francês  Vitor Marie Hugo foi novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista, ativista pelos direitos humanos, é autor de Os Miseráveis, Notre-Dame de Páris, entre outros...





                                    O Homem e A Mulher
O homem é a mais elevada das criaturas;
A mulher é o mais sublime dos ideais.
O homem é o cérebro;
A mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz;
O coração, o AMOR.
A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão;
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece, o martírio sublima.
O homem é um código;
A mulher é um evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo; a mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos;
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter , no crânio, uma larva;
Sonhar é ter , na fronte, uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que adorna;
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa;
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço;
Cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra;
A mulher, onde começa o céu.
         Victor Hugo            

            


           Em Portugal tivemos Fernando Pessoa, que nos brindou com livros ou folhetos, como: "35 Sonnets" (em inglês), 1918; "English Poems I-II" e "English Poems III" (em inglês também), 1922; livro "Mensagem", 1934, premiado pelo "Secretariado de Propaganda Nacional" na categoria Poema". O folheto "O Interregno", publicado em 1928 e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal. 
             



 O AMOR


O amor, quando se revela, 

Não se sabe revelar. 
Sabe bem olhar p'ra ela, 
Mas não lhe sabe falar. 
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer 
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe 
O que não lhe ouso contar, 
Já não terei que falar-lhe 
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa

             

 

 

               No Brasil muitos escritores não deixaram por menos, João Cabral de Melo Neto, irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo, primo de  Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freire, tornou-se um autor célebre por escrever; 


 

Pedra do Sono (1942),
 Os Três Mal-Amados (1943), 
O Engenheiro (1945
Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode (1947),
O Cão sem Plumas (1950), 
O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1954), 
Dois Parlamentos (1960),
Quaderna (1960), 
A Educação pela Pedra (1966),
Morte e Vida Severina (1966),Museu de Tudo (1975),
A Escola das Facas (1980),Auto do Frade (1984),Agrestes (1985),Crime na Calle Relator (1987),
Primeiros Poemas (1990),
Sevilha Andando (1990) e Tecendo a Manha (1999). 



O RELÓGIO

Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.

Uma vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade

que continua cantando
se deixa de ouvi-lo a gente:
como a gente às vezes canta
para sentir-se existente. 


João Cabral de Melo


            

                          Manuel Bandeira  foi poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro,  o seu poema Os Sapos,  abriu a Semana da Arte Moderna de 1922, que contou com a participação de escritores renomados como João Cabral de Melo Neto, Gilberto Freire, Nelson Rodrigues da pintora Tarsila do Amaral entre outros. No estilo poesia Bandeira nos brindou com;  

A Cinza das Horas, Estrela de uma Vida Inteira, O Ritmo dissoluto,Os Sapos, Estrela da Manhã, Lira dos Cinquenta Anos Libertinagem, Belo Belo, Máfua do Malungo,Opus 10, O Bicho, em 

ProsaCrônicas da Província do Brasil - Rio de Janeiro, 1936, Guia de Ouro Preto, Rio de Janeiro, Noções de História das Literaturas, Autoria das Cartas Chilenas, Apresentação da Poesia Brasileira,Literatura Hispano-Americana, Gonçalves Dias, Itinerário de Pasárgada,De Poetas e de Poesia,A Flauta de Papel etc, 

Antologia; Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica,Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana, Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 1,Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 2, Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, Antologia dos Poetas Brasileiros - Poesia Simbolista, Antologia Poética, Poesia do Brasil, Os Reis Vagabundos e mais 50 crônicas.

                       



ARTE DE AMAR



Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira

                       

                    

         Gilberto Freire foi sociólogo, antropólogo, historiador, escritor, pintor brasileiro e é considerado dos mais importantes sociólogos do século XX.

As mangueiras
o telhado velho
o pátio branco
as sombras da tarde cansada
até o fantasma da judia rica
tudo esta à espera do romance começado
um dia sobre os tijolos soltos
a cadeira de balanço será o principal ruído
as mangueiras
o telhado
o pátio
as sombras
o fantasma da moça
tudo ouvirá em silêncio o ruído pequeno."
  

           Gilberto Freyre é autor das seguintes obras;


CASA-GRANDE & senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal (1933),ARTIGOS de jornal,(1934), 
-GUIA prático, histórico e sentimental da cidade do Recife(1934), 
SOBRADOS e mocambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano (1936), NORDESTE: aspectos da influencia da cana sobre a vida e a paisagem do nordeste do Brasil (1937), 
-CONFERENCIAS na Europa (1938), AÇÚCAR: algumas receitas de doces e bolos dos engenhos do nordeste (1939), O MUNDO que o português criou (1940), 

-UM ENGENHEIRO francês no Brasil (1940), REGIÃO e tradição(1941), 
INGLESES( 1942), PROBLEMAS brasileiros de antropologia(1943), NA BAHIA em 1943, 
-
-PERFIL de Euclydes e outros perfis (1944),
SOCIOLOGIA: introdução ao estudo dos seus princípios(1945), 
INTERPRETAÇÃO do Brasil: aspectos da formação social brasileira como processo de amalgamento de raças e culturas (1947), 
-
INGLESES no Brasil: aspectos da influência britânica sobre a vida, a paisagem e a cultura do Brasil (1948), 
QUASE política: 9 discursos e 1 conferência mandados publicar por um grupo de amigos(1950), AVENTURA e rotina: sugestões de uma viagem a procura das constantes portuguesas de caráter e ação (1953), 
UM BRASILEIRO em terras portuguesas: introdução a uma possível luso-tropicologia acompanhada de conferências e discursos proferidos em Portugal e em terras lusitanas e ex-lusitanas da Ásia, da África e do Atlântico. Rio de Janeiro(1953) (Documentos Brasileiros, 76). 

- ASSOMBRAÇÕES do Recife velho. Ilustrado por Lula Cardoso Ayres. Rio de Janeiro: Condé, 1955. -SUGESTÕES em torno de uma nova orientação para as relações intranacionais no Brasil. São Paulo: Fórum Roberto Simonsen, 1958. 

- ORDEM e progresso: processo de desintegração das sociedades patriarcal e semipatriarcal no Brasil sob o regime de trabalho livre, aspectos de um quase meio século de transição do trabalho escravo para o trabalho livre e da monarquia para a república. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959. 2v. 

- A PROPÓSITO de frades: sugestões em torno da influência de religiosos de São Francisco e de outras ordens sobre o desenvolvimento de modernas civilizações cristãs, especialmente das hispânicas nos trópicos. Salvador: Aguiar Souza, 1959. 

- O VELHO Félix e suas "memórias de um Cavalcanti". Rio de Janeiro: José Olympio, 1959. 

- UMA POLÍTICA transnacional de cultura para o Brasil de hoje. Belo Horizonte: Revista Brasileira de Estudos Políticos, 1960. 

- SUGESTÕES de um novo contato com universidades européias. Recife: Imprensa Universitária, 1961. 

- ARTE, ciência e trópico: em torno de alguns problemas de sociologia da arte. São Paulo: Martins, 1962. 

- HOMEM, cultura e trópico. Recife: Imprensa Universitária, 1962. 

- TALVEZ poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1962. 

- VIDA, forma e cor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1962. 

- O ESCRAVO nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX: tentativa de interpretação antropológica, através de anúncios de jornais, de característicos de personalidade e de deformações de corpo de negros ou mestiços, fugidos ou expostos à venda, como escravos, no Brasil do século passado. Recife: Imprensa Universitária, 1963. 

- DONA Sinhá e o filho padre: seminovela. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964. 

- RETALHOS de jornais velhos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964. 

- VIDA social no Brasil nos meados do século XIX. Traduzido por Waldemar Valente. Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1964. 

- 6 CONFERÊNCIAS em busca de um leitor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1965. 

- O RECIFE , sim! Recife, não! Rio de Janeiro: Arquimedes, 1967. 

- BRASIS, Brasil e Brasília: sugestões em torno de problemas brasileiros de unidade e diversidade e das relações de alguns deles com problemas gerais de pluralismo étnico e cultural. Rio de Janeiro: Record, 1968. 

- COMO e porque sou e não sou sociólogo. Brasília: Universidade de Brasília, 1968. 

- OLIVEIRA Lima, Don Quixote gordo. Recife: Imprensa Universitária, 1968. 

- NÓS e a Europa germânica: em torno de alguns aspectos das relações do Brasil com a cultura germânica no decorrer do século XIX. Rio de Janeiro: Grifo, 1971. 

- NOVO mundo nos trópicos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971. 

- SELETA para jovens. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. 

- A CONDIÇÃO humana e outros temas. Rio de Janeiro: Grifo, 1972. 

- ALÉM do apenas moderno: sugestões em torno de possíveis futuros do homem, em geral, e do homem brasileiro, em particular. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. 

- O BRASILEIRO entre os outros hispanos: afinidades e possíveis futuros nas suas interrelações. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975. (Coleção Documentos Brasileiros, 168). 

- A PRESENÇA do açúcar na formação brasileira. Rio de Janeiro: Instituto do Açúcar e do Alcool, 1975. (Coleção Canavieira, 16). 

- TEMPO morto e outros tempos: trechos de um diário de adolescência e primeira mocidade, 1915-1930. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975. -CASAS-GRANDES & senzalas. Recife: Ranulpho Editora de Artes, 1977. 

- OBRA escolhida: Casa-grande & senzala, Nordeste e Novo mundo nos trópicos. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. 

- O OUTRO amor do Dr. Paulo: seminovela, continuação de Dona Sinhá e o filho padre. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977. 

- ALHOS e bugalhos: ensaios sobre temas contraditórios, de Joyce a cachaça; de José Lins do Rego ao cartão postal. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978. 

- ARTE & ferro: em torno de portões, varandas e grades do Recife velho. Recife: Ranulpho Editora de Arte, 1978 

- CARTAS do próprio punho sobre pessoas e coisas do Brasil e do estrangeiro. Organizado por Sylvio Rabello. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1978. 

- CONTRIBUIÇÃO para uma sociologia da biografia: o exemplo de Luís de Albuquerque, governador de Mato Grosso, no fim do século XVII. Cuiabá: Fundação Cultural de Mato Grosso, 1978. 

- PREFÁCIOS desgarrados. Organizado por Edson Nery da Fonseca. Rio de Janeiro: Cátedra, 1978. 2 v. 

- HERÓIS e vilões no romance brasileiro: em torno das projeções de tipos sócio-antropológicos em personagens de romances nacionais do século XIX e do atual. São Paulo: Cultrix, 1979. 

- OH DE CASA! em torno da casa brasileira e de sua projeção sobre um tipo nacional de homem. Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1979. 

- PESSOAS, coisas & animais. Organizado por Edson Nery da Fonseca. São Paulo: MPM Propaganda, 1979. 

- TEMPO de aprendiz.




                   

            

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