Por Paulo
de Tarso
Conhecer alguém que
nasceu em 1914, influenciou toda uma geração de poetas, escritores e acima de
tudo o grande menestrel pop Bob Dylan é no mínimo curioso. Pois acredite, esse
personagem emblemático é responsável pela viagem alucinante de Bob Dylan rumo a
versos, prosas e ao infindável mundo das palavras.
Meus caros amigos essa
figura marcante das letras existe. Nome: Dylan Marlais Thomas.
O poeta terrível Dylan
Marlais Thomas, mais conhecido apenas como Dylan Thomas, nasceu
na cidade de Swansea, no País de Gales, no dia 27 de outubro de 1914. Ele era
filho de um professor que lecionava na escola primária do município; o pai
tinha o hábito de declamar versos de William Shakespeare antes mesmo
que o garoto aprendesse as primeiras letras.
Dylan não herdou o
idioma de seus antepassados; tanto ele quanto a irmã exercitavam apenas a
língua inglesa, na qual o escritor, totalmente apaixonado por este dialeto,
elaborou suas obras. Embora Thomas se saísse muito bem nas disciplinas
relacionadas ao inglês e à literatura, não se moldava à convivência escolar,
desprezava as demais matérias e, ao completar dezessete anos, abandonou a
escola e foi trabalhar como repórter no jornal Daily Post.
Não demorou muito para
que ele deixasse também este emprego e se devotasse, a partir de então, somente
à criação literária. Nesse período Dylan produziu boa parte de seus poemas. Ele
logo se converte no principal herdeiro moderno do Romantismo. Sua
poesia confronta tanto a imitação dos clássicos e a carência de emoções
de T. S. Eliot, quanto o discurso singelo e ativista de W. H. Auden.
O poeta era um leitor
voraz e prematuro; ele descreve a si mesmo nas linhas do Retrato do artista
quando jovem cão, um romance de formação engraçado, que transcorre nos outeiros
de sua terra natal. 1934 é um ano importante em sua trajetória literária, pois
ele passa a residir em Londres e aí lança sua primeira obra, Dezoito Poemas, no
qual imprime suas imagens veementes e a expressão entusiasmada, que lembra os
ritos dionisíacos, transpira religiosidade e adota o tom próprio da
escatologia.
Este livro, repleto de
metáforas e aliterações, é na verdade uma compilação dos cadernos de poesia
elaborados por Dylan nos anos anteriores. Com o êxito de vendas, vêm também o
alcoolismo e os constantes débitos financeiros. Thomas não tinha pretensões
sociais e acadêmicas em sua criação literária. De seus livros jorram densas
emoções e paixões intensas.
Em sua primeira publicação
e nos dois livros que se seguiram – Vinte e cinco poemas, publicado em 1936; e
Mortes e entradas, de 1946 – o escritor dá vida a um eu lírico que se agita em
um contexto no qual o corpo é soberano e elementos vitais, como sangue,
esperma, e outros, se reproduzem, mas são obrigados a conviver com imagens de
infecundidade – gelo, vermes, sais, jazigos. Sua poesia também era pontuada por
temas como as tradições célticas, as convenções das Sagradas Escrituras, o
surrealismo britânico.
Dylan só passou pelos
Estados Unidos quando já contava 35 anos de idade; neste país ele se torna uma
lenda, graças a sua embriaguez habitual, sua dramaticidade e seu romantismo
incurável. Ele se transforma em um mito para os poetas que integram o
conhecido Movimento Beat.
Sua influência se
estendeu até mesmo à esfera musical, marcando definitivamente o gênero pop.
Dizem que Robert Allen Zimmerman assumiu o pseudônimo Bob Dylan como uma forma
de prestar homenagem ao poeta do País de Gales. Thomas morreu com 39 anos, no
dia 9 de novembro de 1953, no Greenwich Village Nova Iorque vítima do álcool.
Dizem que, pouco antes de falecer, já com a saúde abalada, ele teria consumido
18 doses de uísque.
“Tudo o que importa é o eterno movimento que há por trás da
poesia, vasta corrente subterrânea da dor, da loucura, da pretensão, da
exaltação ou ignorância humanas, por mais sublime que seja a intenção do
poeta.“ (Dylan Thomas)
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