O repórter cinematográfico Djalma Araújo Neto, da RBS TV
Florianópolis, foi uma das 71 vítimas do acidente aéreo na Colômbia, em 28
de novembro. Ele era contratado irregularmente como “radialista”,
segundo apurou o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. Há 13
anos, Djalma exercia a função de repórter cinematográfico, como a
própria RBS admitiu durante a cobertura da tragédia. Mas o contrato registrado
na sua carteira de trabalho era outro: operador de câmera.
Sindicato recebe familiares de vítimas de acidente da Chapecoense
Após morte de Djalma, RBS faz homenagem ao “repórter cinematográfico”
Acevedo: “O sistema de TV em SC não reconhece seu profissional de imagem”
Após morte de Djalma, RBS faz homenagem ao “repórter cinematográfico”
Acevedo: “O sistema de TV em SC não reconhece seu profissional de imagem”
A irregularidade cometida contra Djalma afeta quase todos os
repórteres cinematográficos da RBS. Dos 47 profissionais contratados pela empresa em
SC, apenas sete tem reconhecida sua verdadeira função.
O objetivo desta manobra é pagar salários menores e impor jornadas
maiores aos profissionais de imagem. Esta situação ocorre não apenas na RBS,
mas também nas principais emissoras de televisão do Estado. RIC-Record, Band-SC
e SBT também submetem seus profissionais a contratos de “radialistas” para
reduzir custos e ampliar suas margens de lucro.
As irregularidades na RBS começaram no final da década de 1990. A partir
de 1998, os profissionais de imagem contratados para o departamento de
jornalismo eram enquadrados como “operadores de câmera”.
Com essa medida, as emissoras ampliam a jornada destes profissionais de
cinco para seis horas diárias. O prejuízo financeiro é grande. Enquanto o
salário inicial de um repórter cinematográfico é de R$ 2.100, o de um operador
de câmera é 50% menor: R$ 1.050. Em outras palavras, estes profissionais
trabalham 30 horas a mais por mês para receber apenas metade do
salário. O valor de R$ 2.100 ainda está defasado porque a data-base da
categoria é em maio e ainda não houve um desfecho para a Negociação Coletiva de
2016.
Irregularidades ocorrem em todo o Brasil
Segundo o presidente do SJSC, Aderbal Filho, a prática não ocorre apenas
em Santa Catarina. Tampouco, pode ser justificada por suposta falta de
recursos. “Há um verdadeiro conluio das empresas de televisão em todo o Brasil
para fraudarem os contratos destes repórteres. Isso ocorre justamente no
segmento de mídia mais lucrativo do país”, argumenta.
Djalma Araújo Neto atuava junto ao Sindicato dos Jornalistas e a
Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc/SC) para a
resolução deste problema. O SJSC vai denunciar novamente a RBS TV ao
Ministério Público do Trabalho, visando regularizar a situação das dezenas de
profissionais enquadrados incorretamente na empresa.
Recentemente, uma denúncia similar
realizada contra a Band-SC tornou a empresa ré em uma Ação Civil Pública, que pede o
reenquadramento correto dos profissionais e multas por dano moral coletivo na
ordem de R$ 1 milhão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário